"SOU UM LABIRINTO EM BUSCA DE SAÍDA." (Vinícius de Moraes)







sexta-feira, 30 de março de 2012

A ORIGEM DA COISA (LUIZ COSTA PEREIRA JUNIOR)

Do latim causa veio o nosso "coisa". O espanhol Juan Corominas (Breve Diccionario Etimológico de la Lengua Castellana, Gredos, 1961) lembra que o termo latino original para o espanhol cosa era sinônimo de "motivo", "assunto", "questão" até o latim vulgar desenvolver um segundo significado já no século 4º.

Quem explica a razão da mudança é o brasileiro Antenor Nascentes (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 1932). Ele conta que causa vingou como sinônimo de objetos ao suplantar no latim clássico o monossilábico res, uma palavra que teria perdido o trem da história porque não tinha, literalmente, "bastante corpo", diz Nascentes. Por fazer volume digno ao que nomeia, causa teria migrado do sentido "de processo e de razão das coisas" para o que desembocou na forma "coisa" atual.

No português do século 13, o termo era grafado pela forma intermediária "coussa" ou "cousa", que ainda perdura na boca de algumas gerações. O primeiro registro da coisa sem u veio no século 16, coysa, lembra Antônio Geraldo da Cunha (Dicionário Etimológico, Nova Fronteira, 1982). Nos tempos da Inquisição, anota o Michaellis, "coiseiro" era um livro de apontamentos em que os inquisidores portugueses marcavam detalhes de seus denunciados.

Gabriel Perissé, colunista de Língua que já escreveu sobre esse substantivo feminino há alguns anos, explica que, ao falar, usamos a palavra "coisa" como uma coisa que substitui todas as palavras. Na ausência da palavra exata, que "ilumina como um holofote" o ser ou o objeto a ser nomeado, usamos qualquer coisa no lugar, diz Perissé. É aquela coisa: se funciona, é bom de usar.

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